A estória que nunca foi revelada
Quando lemos alguns livros de História, é muito comum vermos, em suas páginas, como os povos antigos, por serem primitivos e atrasados, procuravam adorar seus deuses. Eles os viam em tudo que estava na natureza. O sol, a Lua, estrelas e fenômenos naturais como trovão, relâmpago, chuva, explosões vulcânicas e a própria terra eram vistos como deuses.
E esses deuses como eram produtos de sua imaginação, crença ou de seu próprio temor ante o desconhecido, mereciam ser agraciados. E em troca desses agrados, acreditavam eles que os deuses os beneficiariam em seus empreendimentos do dia a dia. Os agrados ou sacrifícios eram necessários a fim de satisfazerem esses deuses. Seus deuses, assim como eles, possuíam necessidades.
Por tudo eram oferecidos sacrifícios e diversas eram as suas formas.
Quando se desejava boas colheitas, quando uma mulher não conseguia dar filhos a seu marido, quando alguém sofria de males que ervas não resolviam, quando se pedia por chuvas, quando se ia à guerra e tantos outros desejos, se faziam sacrifícios para um ou para diversos deuses.
Os deuses, segundo o pensamento primitivo da época, se agradavam de tudo, em especial, aqueles sacrifícios em que suas oferendas eram vivas. Sim, seus deuses, além de vegetais da terra e sangue de animais, amavam sacrifícios humanos. Crianças e mulheres virgens eram seu cardápio preferido, podemos dizer assim.
Essas eram as práticas dos povos antigos, sem exceção, o divino, o espiritual sempre esteve presente em suas vidas. O bem e o mal eram vistos como obras de seus deuses.
Contudo, fomos ensinados que havia um deus, que desde o princípio, era diferente dos demais deuses pertencentes aos outros povos. Ele era bom, perfeito e justo. Diferentemente dos deuses dos outros povos, esse não gostava de derramamento de sangue e nem de sacrifícios aos moldes dos que eram praticados por esses povos. Era assim que nos pintavam o deus dos hebreus que mais tarde seria absolvido pela crença cristã. O IHVH, Elohim, Jeová, Javé ou Iavé e tantos outros nomes que lhes dão, era diferente. Ele era Deus no mais amplo sentido dessa palavra. O deus que teria chegado ao ponto de se sacrificar em benefício de seus pobres filhos pecadores, segundo a doutrina da trindade, ou oferecer seu amado e único filho em nosso favor, segundo os que não acreditam nessa doutrina, era sem igual. Jeová é a personificação do próprio amor.
Mas, será que Jeová, um deus de um povo tão atrasado e primitivo quanto os hebreus, seria tudo isso?
Infelizmente, nos enganaram novamente, Jeová se comporta da mesma forma que os outros deuses que Ele diz serem falsos. Ele pede sacrifícios de animais e de pessoas também ou, pelo menos, já pediu. Qual a diferença do Deus verdadeiro para os deuses falsos então? Nenhuma! Ele deseja ser adorado como os falsos deuses e da mesma forma que eles, deseja sacrifícios. Tem que haver trocas de favores, sem essas trocas é impossível se alcançar as bênçãos do Deus verdadeiro.
Vamos analisar duas das mais polêmicas passagens encontradas na bíblia. Passagens estas que, por muito tempo, muitos tentaram escondê-las e camuflá-las, porque revelariam o lado obscuro de Jeová. Um Jeová de tempos muito, muito remotos e muito diferente do que conhecemos hoje.
“Depois disso, o verdadeiro Deus pôs Abraão à prova e lhe disse: “Abraão!” Abraão respondeu: “Aqui estou!” Então ele disse: “Por favor, pegue o seu filho, seu único filho, a quem você tanto ama, Isaque, vá à terra de Moriá e ofereça-o ali como oferta queimada num dos montes que lhe indicarei.” Gênesis 22:1,2
“E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho; “ Gênesis 22:10
O deus da bíblia pediu Isaque em sacrifício, não importa se Isaque foi morto ou não. A grande questão é que o Deus da bíblia se comporta como os outros deuses, que ele chama de falsos. Ele pediu um sacrifício humano. Isso era o que mais os povos primitivos faziam para aplacar a fúria ou mesmo para obterem benesses dos seus deuses.
Imolar, segundo um dicionário, seria matar ou morrer como forma de sacrifício ao que é considerado divino e sagrado.
Sem que mudemos de assunto, vale destacar como esse deus da biblia adora estar fazendo testes ou pondo a prova as pessoas. O exemplo de Abraão e Isaque nos serve para derrubar a falácia de que Ele não prova ninguém por coisas más como é dito falsamente pelo escritor cristão Tiago. Ele prova, sim, e não só por coisas más, mas por quaisquer coisas, boas ou ruins. Se testar alguém da forma como Abraão fora testado, não é provar alguém por coisa má, então é muito difícil saber o que seria isso no dicionário hebraico do deus da bíblia.
E os crentes ainda vem com essa estória de que Deus não provou Adão e Eva no Éden, esse deus só faz isso, do Gênesis ao Apocalipse!
Um outro exemplo da fome implacável por sacrifícios do deus da bíblia é o de Jefté e sua filha. A filha de Jefté foi oferecida em sacrifícios ao Deus da bíblia. Os crentes distorcem a estória e não a história, dizendo que ela foi servir no templo. Isso é mentira!
"Se entregares os amonitas nas minhas mãos, então aquele que sair da porta da minha casa ao meu encontro, quando eu voltar em paz da guerra contra os amonitas, se tornará de Jeová, e eu o oferecerei como oferta queimada, ..." Juízes 11:30
Essas são as palavras da bíblia, oferta queimada. Procure na bíblia por oferta queimada e veja se há alguma referência a prestar serviço por toda a vida em algum templo?
Qual seria a oferta queimada de Abraão ao deus da bíblia, se ele continuasse com sua intenção inicial, está lembrado?
“Abata o carneiro, pegue o sangue dele e faça aspersão em todas as laterais do altar. Corte o carneiro em pedaços, lave os intestinos e as pernas dele, e ponha os pedaços um ao lado do outro, junto com a cabeça. Queime o carneiro inteiro, fazendo-o fumegar no altar. É uma oferta queimada a Jeová, um aroma agradável. É uma oferta feita por fogo a Jeová.” Êxodo 29:16-18
Viram o que significa uma oferta queimada para o deus da bíblia. É uma oferta por inteiro para ele, sem sobras para ninguém. Havia sacrifícios em Israel que eram divididos entre Jeová e os sacerdotes, mas as desse tipo, nada poderia ser repartido, tudo era de Jeová. Ou seja, esse deus da bíblia era um deus carniceiro, é só olhar como eram preparados os sacrifícios, era um verdadeiro horror de banho de sangue, não era por nada que junto aos sacrifícios também havia as ofertas perfumadas. Estas serviam como formol usado em corpo de defunto. Abafar o cheiro medonho que ficava após cada sacrifícios dentro do templo.
A filha de Jefté foi sacrificada! Outro detalhe não há em nenhum lugar na bíblia dizendo que mulheres prestavam serviço em tabernáculo ou templo. Em geral, eram os levitas homens que prestavam serviços no templo ou tabernáculo. Nem a irmã de Moisés, Miriam, serviu no tabernáculo como os crentes mentem ao afirmar essa falácia a respeito da filha de Jefté.
Se fosse para apenas servir pelo resto da vida no tabernáculo, então como se explicar o desespero de Jefté ao ver que fora sua filha que saiu ao seu encontro? Se fosse mesmo assim, não haveria motivo para tanto desespero da parte de Jefté, bem como o de sua filha.
“Quando ele a viu, rasgou suas roupas e disse: “Ai, minha filha!Você partiu meu coração, pois se tornou aquela que eu bani. Fiz um voto a Jeová e não posso voltar atrás.” Juízes 11: 35
“Passados os dois meses, ela voltou ao seu pai, e ele cumpriu o voto que havia feito com respeito a ela. Ela nunca teve relações sexuais com nenhum homem. E surgiu o seguinte costume em Israel: de ano em ano, durante quatro dias no ano, as jovens de Israel iam visitar a filha de Jefté, o gileadita, para elogiá-la.“ Juízes 11:39,40( Tradução do Novo Mundo)
“E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu homem; e daí veio o costume de Israel,
Que as filhas de Israel iam de ano em ano lamentar, por quatro dias, a filha de Jefté, o gileadita.” Juízes 11:39,40 (Almeida Revisada e Corrigida)
Notaram como algumas traduções querem esconder o que realmente aconteceu à filha de Jefté. Na Almeida é falado em lamentar, portanto, ninguém lamentaria por algo bom ou por um costume. Em outras versões se fala em chorar o destino dela, celebrar a memória,chorar a filha de Jefté e assim por diante. Perceba que são sempre sentidos negativos. E mais, o verbo é colocado no passado indicando que a menina já estava morta. A diferença é gritante entre lamentar e elogiar. A Tradução do Novo Mundo tentou camuflar o que realmente aconteceu de forma, podemos dizer, ridícula.
A tentativa de alguns crentes em esconder isso, é tão vexatória!
Outro detalhe que chama muita a nossa atenção é o destaque que se dá, na estória, à condição de virgindade da filha de Jefté.
Por que será? Tem alguma ideia?
Creio que vocês já devem ter percebido. É isso mesmo, o sacrifício tinha que ser de uma jovem virgem. O que era comum entre os povos primitivos esse tipo de sacrifício. Mais um fato que desmascara a farsa do serviço prestado, pois, os homens que prestavam serviço no templo não eram virgens, pelo contrário, eram homens com mulheres.
E o mais gritante é que não havia nenhuma outra jovem que havia feito igual sacrifício em prestar serviço no templo, só se fala da filha de Jefté ter sido a primeira e a única. E o texto não diz que as jovens de Israel iam lamentar, chorar, elogiar, celebrar a memória da filha de Jefté no templo. Não há essa menção!
Mesmo que alguns vejam essa estória como algo real, notamos como os homens bíblicos eram. Faziam promessas desarrazoadas, sem antes consultar as pessoas envolvidas em suas promessas. Um absurdo! É esse o respeito que a bíblia dispensa às mulheres? As mulheres não tinham vontade própria!
No final da estória é dito que se virou um costume as jovens ir de ano em ano visitar a filha de jefté. Na realidade, as jovens iam de ano em ano visitar o túmulo da filha de Jefté. Note que virou um costume. Por que se viraria um costume de ir se visitar anualmente uma pessoa que supostamente virou uma serviçal do senhor? Essa ida das jovens visitar a filha de Jefté, na realidade, é um hebraísmo, quer dizer, é um eufemismo bíblico para não dizer, de forma direta, que a menina foi oferecida de fato em sacrifício, foi morta. Agora, sim, há sentido em se dizer chorar em memória e/ou lamentar, porque são essas coisas que fazemos, quando alguém que amamos, morre.
“E da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor.” Levítico 18:21
Alguns poderiam ainda argumentar, com base em Levítico 18:21, que Jeová proibiu que os israelitas oferecessem seus filhos a Moloque em sacrifícios, assim não seria razoável pensar que sentisse prazer em sacrifícios humanos. É verdade há essa proibição, porém, devemos nos lembrar que a proibição aconteceu muito tempo depois desses dois episódios, e também, pelo que tudo indica, os israelitas foram mudando seus rituais de adoração, saindo de uma adoração politeísta para o monoteísmo. É por isso, que há diversas passagens bíblicas em que os hebreus, por diversas vezes, retornam a adoração de outros deuses. O deus hebreu foi sendo moldado a um padrão ideal com o passar dos tempos. E como o deus bíblico se declara como um deus ciumento, talvez, ele ficou com ciúme por estarem oferecendo essas crianças a outro deus e não a ele.
Há ainda o caso de Samuel que sua mãe o ofereceu quando pequeno, para servir no templo, mas em nenhum lugar no caso de Samuel, é falado que o mesmo havia sido oferecido como oferta queimada.
“E ela fez o seguinte voto: “Ó Jeová dos exércitos, se olhares para a aflição da tua serva e te lembrares de mim, e não te esqueceres da tua serva e deres à tua serva um filho, um menino, eu o entregarei a Jeová por todos os dias da sua vida, e não se passará navalha na sua cabeça.” 1 Samuel 1:11
Se você ler todo o capítulo de 1 Samuel, não vai ver nenhum desespero por parte de Ana, mãe de Samuel ao entregá-lo ao serviço no templo, porque, nesse caso, não houve nenhuma oferta queimada, diferentemente do que ocorreu no caso de Jefté.
“Além disso, construíram os altos sagrados de Baal, no vale do Filho de Hinom, para queimar seus filhos e suas filhas no fogo a Moloque. Eu não lhes havia ordenado fazer isso. Jamais havia ocorrido no meu coração pedir que eles fizessem tal coisa detestável, levando assim Judá a pecar.” Jeremias 32:35
“Porque nunca falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.” Jeremias 7:22,23
“Você deve fazer um altar de terra para mim, e nele sacrificará suas ofertas queimadas e oferecerá seus sacrifícios de participação em comum, suas ovelhas e seus bois. Em todo lugar onde eu fizer meu nome ser lembrado, virei a você e o abençoarei. “ Êxodo 20:24
“Abata o carneiro, pegue o sangue dele e faça aspersão em todas as laterais do altar. Corte o carneiro em pedaços, lave os intestinos e as pernas dele, e ponha os pedaços um ao lado do outro, junto com a cabeça. Queime o carneiro inteiro, fazendo-o fumegar no altar. É uma oferta queimada a Jeová, um aroma agradável. É uma oferta feita por fogo a Jeová. “ Êxodo 29:16-18
É, não dá para levar muito a sério o que Jeová fala pela boca de seus profetas, não. Vejam, que, ora ele diz que não gosta de sacrifícios e que gosta mesmo é de um coração puro e arrependido, ora, volta a trás e diz que adora um carneiro em pedaços.
O deus da bíblia é um mentiroso, só não vê, quem não quer. Ele adora sacrifícios, sempre os amou. Até o sacrifício do próprio filho, ele quis com o pretexto de resgatar a humanidade do pecado, imagine o quanto ele adora sacrifícios.
O mais famoso sacrifício que o deus bíblico sentiu como se fosse um cheiro repousante para suas narinas divinas foi o de seu próprio filho, Jesus. Lembram-se disso? Pois é essa a mais contundente prova do quanto esse deus em nada se difere dos ditos deuses falsos. O sacrifício de Abraão, ele dispensou mais esses não.
Querer, supostamente, a própria vida do filho em troca das de outras, é demais. Há quem pregue e ensine, como os cristãos, que isso foi um prova de amor de Deus, mas será?
Os fatos dizem que não. Não há amor nenhum: nisso. Demonstração de amor seria se ele, na condição de deus, perdoasse os filhos de Adão, sem que se exigisse nada. Isso sim, seria prova de amor, compaixão e misericórdia.
A farsa dos cristãos se desmancha quando analisamos uma outra estória, por sinal, tão mentirosa quanto às demais que se encontram na bíblia, especificamente, em Marcos 2. Vejamos:
“E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados. E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações?
Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?” Marcos 2: 5-9
Eis aí a prova contra a farsa do sacrifício perfeito de Cristo. Jesus perdoo os pecados de um paralítico sem que se exigisse nenhum sacrifício reparador. Ninguém teve que morrer para que os pecados do paralítico fossem perdoados. É sabido que as pessoas naquele época imaginavam que certos males que lhes afligiam eram decorrentes do pecado, foi por isso que Jesus falou em perdoar os pecados, em vez de simplesmente dizer que o paralítico estava curado.
Assim, se o deus todo-poderoso e misericordioso quisesse poderia ter perdoado o pecado, que dizem, que herdamos de Adão. Se Jesus fez isso porque ele não poderia?